Fomos a Beja. A cidade foi fundada pelos Celtas 400 anos a.c.. Depois os romanos tomaram conta dela. E do resto da península. Chamaram-lhe Pax Julia. A seguir vieram os Mouros que estadeavam por perto, por Marrocos e eram senhores da Andaluzia e outras partes sulenhas da Ibéria.
Por último
fomos lá nós, os portugueses, ainda pouco portugueses, ora sob as ordens do rei
Afonso ora do rei Sancho seu filho ou das Ordens militares que no fundo era o
mesmo ou no fio da espada de aventureiros de vender a alma ao diabo, como o
Geraldo, o Sem Pavor. Geraldo e o seu bando tomou a cidade aos muçulmanos,
pilhou-a, incendiou-a, derrubou as muralhas e abandonou-a em seguida, em 1162.
Ao que parece, se não é confusão de data de gente que não passava ao papel as suas
façanhas, voltou a fazer o mesmo dez anos depois.
Ora nossa ora
deles Beja esteve na mão do Lidador, o valente cavaleiro Gonçalo Mendes da
Maia, nomeado fronteiro-mor de Beja por Afonso Henriques. Em 1170, Mendes da Maia quis
festejar o seu 95º aniversário com uma surtida contra os mouros e nela morreu.
Mais lenda menos lenda ficou herói de Beja e tem lá uma estátua de 5 metros de
altura que bem merece. Os Almóadas que escolheram Sevilha para sede do seu
poder recuperaram-na em 1175. Umas vezes na mão do Califa outras na do rei de Portugal
Beja, Pax Julia ou Baju, como os sarracenos lhe chamavam, acabou portuguesa.
Decidimos ir
a Beja neste domingo, 28 de Abril de 2013 para ver em que pé
estavam as coisas. Partimos cedinho e o pretexto para a nossa surtida era a apresentação do livro A FOTO, a lusitanos ou mouros no caso de
alguma investida destes feita de surpresa. Partimos bem artilhados em potente
cavalaria (cavalos/vapor?) das melhores raças: BMW, Ford, Peugeot, Honda.
À hora
combinada, à entrada da OVIBEJA lá nos encontrámos todos os oito autores com os
seus maridos ou mulheres, e também alguns filhos, noras e amigos. A cidade
apresentava-se em festa e sem sinais de escaramuças. O ambiente era apenas
ensombrado pelas núvens negras do poder central na mão de um almóada, um tal Passos
Coelho, escudeiro do Kalifado sarraceno-prussiano de Berlim.
A Feira
estava portentosa. Pavilhões com tudo o que se pode esperar que esteja numa
feira. E, por todo o lado comida, acepipes, doces, vinhos. Ao que me garantiram a OVIBEJA já
supera a célebre feira de Santarém. Esperava-nos o Dr. António Sancho (lá está,
Sancho! , como no século XII ) director da excelente revista MAIS ALENTEJO que
foi o apresentador do livro no auditório da feira. A sessão teve início às 11h
(pontualidade à portuguesa!) e aberta pelo nosso editor da Âncora e amigo
António Baptista Lopes que não se furtou a vender livros mal a sessão terminou.
Seguiu-se-lhe na palavra António Sancho que foi rigoroso e conciso e por fim,
em representação dos autores falou Noémia de Aríztia e fê-lo com tal
proficiência e desempenho que viu recompensada a sua excelsa
intervenção com uma demorada salva de palmas. Com tão buriladas palavras antevi
uma corrida ao livro.
Na sala
estava também o nosso anfitrião na qualidade de responsável pela feira e pelo
auditório, Lopes Guerreiro, que é também candidato à Câmara Municipal de Beja
com o estatuto, cada vez mais apertecível, de independente. O Jaime Mendes e eu
encontrámos um velho amigo que não víamos há muito, o médico Dr.Agostinho
Moleiro um homem da terra. Jaime Mendes não o via desde as campanhas de
dinamização da saúde do saudoso PREC e eu desde os tempos em que ambos experimentámos
a Assembleia da República no consulado de Guterres.
A nossa
apresentação teve ainda a presença de gentes longínquas. Como já é habitual
tivemos o previlégio da presença do pintor chileno Francisco Ariztia que teve a
astúcia e o bom gosto de casar com a Noémia. Connosco também uma
luso-neerlandesa, a nossa querida amiga Isabel Galacho e ainda uma simpática e
também já querida amiga, argentina, a Carina Yoncheff, até nós trazida pela
activista de todas as causas boas Ana Sá Gomes Pena.
Com tanta
internacionalização demos um cunho cosmopolita à feira que foi, espero eu,
muito notada em toda a cidade. Um ponto alto do nosso avanço sobre a capital do
Baixo-Alentejo foi o almoço, um momento de profunda introspecção ajudado por
bom vinho e adequadas sobremesas e muitas anedotas “chistes” e outras picardias.
O mérito
desta sortida ao Alentejo profundo cabe todo ao autor mais famoso do nosso
livro o grande artista da palavra e grande jornalista Joaquim Letria (disputa a
afama com outro autor o ex-super-ministro Mário Lino e sua esposa, a Paula
Mourão porque atrás de um grande homem quem é que está sempre? Uma grande
mulher. Vejam os Obamas, por exemplo) Pois os responsáveis por esta reconquista
de Beja aos Almóadas são o Joaquim Letria ou talvez mais ainda a sua mulher, a
Berta, especialista em assuntos aeronáuticos, que o conduziu pontualmente à
antiga Pax Julia.
A organização
geral do evento foi propositadamente caótica. Mas um caos meticulosamente
organizado para que tudo parecesse que ia correr mal mas afinal tudo corria bem
como realmente sucedeu. Creio que houve a preocupação de mostrar que “há muitas
formas de matar pulgas”e de mostrar a diferença com Viseu onde o autor Gomes de
Pina tinha revelado a que alturas inimagináveis era possível elevar a
organização logística rigorosa de um complicado evento.
Uma presença
incontornável pela simpatia irradiante que empresta a estes nosos filosóficos
empreendimentos e que não posso omitir nesta notícia foi a da Teresa Tito de
Morais que se vê na mesa sempre a meu lado em todas as apresentações que realizámos. Como a ordem na mesa é alfabética
dizem que é por isso que fica sempre a meu lado mas eu estou certo que é para
me demonstrar a sua amizade. Por fim queria referir a autora Maria Machado que
não sendo autora do livro é autora de algumas das mais belas fotografias destas
sessões.
Pax Julia, Buja, Beja.
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