O BEIRÃO é, como muitos já sabem, o nosso amigo José Gomes de Pina, co-autor do livro A FOTO que nesta 6ª feira, 15 de Fevereiro, de 2013 teve o seu lançamento em Viseu, nas instalações do Solar do Vinho do Dão. São dele as palavras que se seguem e então nos ofereceu, em representação dos autores, na cerimónia da apresentação do livro.
Em nome dos oito autores do livro “A FOTO e o Reencontro Meio Século Depois”,
cabe-me, aqui em Viseu, na minha terra natal, o que me enche de orgulho e
grande alegria, saudar todos os presentes, onde reconheço tantos amigos, colegas
do Liceu e familiares, e dar-vos as boas-vindas nesta sessão de apresentação e
divulgação do nosso livro, à semelhança, aliás, do que o Raimundo
Narciso, a Teresa Tito de Morais e o Mário
Lino já fizeram nas sessões realizadas anteriormente.
O livro foi editado em Junho de 2012 e a sessão de lançamento
realizou-se em 11 de Junho no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de
Lisboa, contando com as intervenções do Dr. Jorge Sampaio e do Reitor, Prof.
Dr. Sampaio da Nóvoa.
A apresentação em Coimbra foi feita no dia 19 de Novembro, com a
participação de Manuel Alegre e do Prof. Dr. José Manuel Pureza e no Porto, no
dia 30, com intervenções do Dr. José Ilídio Ribeiro e do Prof. Dr. Augusto
Santos Silva.
Agradecemos à Comissão Vitivinícola Regional do Vinho do Dão e ao
seu Presidente Dr. Arlindo Cunha a disponibilidade e o apoio manifestados com a
cedência do Solar do Vinho do Dão, situado no Parque do Fontelo, incluindo um
Dão de Honra, a fazer jus ao vinho que tem levado Viseu e a sua região por esse
mundo fora. Uma palavra de simpatia para a Dr.ª Graça Silva e à Dr.ª Rita
Barros pela sua eficiente contribuição e empenho inexcedível na preparação
desta sessão.
Renovar os nossos agradecimentos à Editora Âncora e ao Dr. António
Baptista Lopes que desde o primeiro contacto nos acolheu com grande entusiasmo,
incentivando a conclusão do livro e permitindo, com a sua publicação, a
concretização do nosso projecto.
Aproveito também para agradecer ao Jornal do Centro, de quem sou,
aliás, leitor habitual on-line, e a alguns blogues, como é o caso do Olho de
Gato, O Viseu, Tribuna de Viseu e do Indo eu, Indo eu…, que além do
VSB, também divulgaram o nosso convite.
A apresentação do livro nesta sessão vai ser feita
pelo Coronel Fernando Figueiredo e pelo Prof. Dr. António Correia de Campos, também
eles ligados por fortes laços a Viseu e a quem os autores manifestam, desde já,
o seu muito apreço e agradecimento.
Só acabei por conhecer pessoalmente o Coronel Fernando Figueiredo
há relativamente pouco tempo, quando, finalmente, nos pudemos encontrar em
Lisboa, após anos de contactos frequentes através do Viseu Senhora da Beira, em
minha opinião, o blogue de referência em Viseu.
O autor propunha-se abrir “um olhar crítico, independente e
exigente sobre as terras e gentes da região de Viriato” e, de facto o blogue VSB
veio a constituir uma autentica pedrada no charco do marasmo da vida local,
numa cidade do interior do país, tradicionalmente conservadora.
Tendo feito inicialmente comentários esporádicos noutros blogues de
Viseu, acabei por encontrar neste blogue, campo para uma intervenção mais
frequente, pelo que, quando comemorou os oito anos de existência, enviei este
comentário:
“Meu caro Bazookas (durante muito tempo o autor do blogue, que se dava a conhecer por
este pseudónimo, designando cada comentário por uma “bazookada”, constituía uma
incógnita quanto à sua verdadeira identidade, desvendada somente, há cerca de
três anos, quando este prestigiado militar o pôde legalmente fazer, após a sua
passagem à reserva):
Não me tinha dado conta do tempo que já passou, afinal tanta água que
foi correndo por baixo das pontes do Pavia... No meu primeiro comentário feito no
seu blogue, em Março de 2005, dizia eu ao meu amigo:
...Realmente a minhas felicitações vão para quem teve a iniciativa
de abrir um espaço onde, de certo modo, se vai expondo e provocando, julgo eu
na pretensão de estimular o seu concidadão a discutir questões mais sérias e algumas
outras só de simples actualidade. Mas também, e isso tocou-me, pelo seu demonstrado
amor a Viseu, consciente e interventivo.
E aludindo à minha crescente intervenção no blogue, justificava-me,
dizendo-lhe:
"...pois entendo ser também meu dever contribuir de forma honesta e
interessada para o debate cívico. E o seu blogue, na maioria dos postes
apresentados, cumpre bem esse objectivo, para além do debate se centrar nos grandes
problemas de Viseu e assim podermos interagir com os nossos conterrâneos, na
reflexão conjunta sobre algumas realidades, de que cada um, claro, terá a sua
própria visão. Como pode ver, passados estes “breves” oito anos, o VSB cá está
cumprindo o seu papel, alargando os horizontes do debate local,
tradicionalmente fechado e pobre, trazendo à blogosfera local uma dinâmica
diferente, mexendo com as pessoas, incomodando-as, desinibindo o diálogo,
afoitando-as, dando-lhes oportunidade para uma abertura de espírito a que não
estavam habituadas.
E isto o meu amigo foi fazendo, à custa de muito suor, por certo,
que estas coisas não nascem feitas! Que grande “bazookada” o meu amigo deu
nesta cidade...Como viseense, vivendo longe, o meu muito obrigado por tudo isto
e que mantenha o ânimo e o empenho de sempre.
Um grande abraço do Beirão (é este o pseudónimo que utilizo)".
Ora quando as pessoas fazem amizade pelo que pensam e escrevem,
concretizando na “blogosfera” esse entendimento, mesmo não se conhecendo pessoalmente
durante tanto tempo, que mais posso dizer?... Direi somente que foram estas as razões que dei aos
meus amigos autores para formularmos o convite ao Fernando Figueiredo, que eles
não conheciam, para apresentar o nosso livro em Viseu, conjuntamente com o
António Correia de Campos.
O Coronel de Infantaria na Reserva Fernando Figueiredo é
licenciado pela Academia Militar com o Curso de Ciências Sócio Militares.
Possui ainda vários cursos e estágios e uma pós-graduação em Gestão de Recursos
Humanos. Ao longo da sua carreira prestou serviço em diversas Unidades
e Estabelecimentos do Exército, tendo desempenhado nos últimos anos, entre
outras, as funções de Chefe de Repartição da Divisão de Pessoal do Estado Maior
do Exército, de 2.º Comandante do RI 14, em Viseu e de Comandante do RI 3, em
Beja.
Cumpriu missões internacionais, ao serviço da ONU, em Timor-Leste,
como Comandante do 2.º BI/BLI e ao serviço da NATO, no Iraque, como National C2
Advisor no Centro de Operações Nacional, junto do 1º Ministro Iraquiano.
No foro civil, foi membro do Centro Distrital de Operações de
Protecção Civil de Viseu e Guarda e do Núcleo Distrital do Projecto Vida de
Viseu, Presidente e Fundador do Clube de Orientação de Viseu e membro dos
Corpos Sociais da Federação de Andebol de Portugal. Formador em diversos cursos
do CFP de Viseu, conferencista em diversas acções do Ensino Superior
Universitário, é autor do blogue Viseu Senhora da Beira e colaborador regular
do Jornal do Centro.
Concluo, lendo um excerto que retirei de um poste recente do
Fernando no VSB, por certo um desabafo seu, por algum paralelo com atitudes que,
noutros tempos e noutro contexto, também os autores da FOTO tiveram de tomar:
Dizia ele… “recordar que cabe às oposições, ontem como hoje, escrutinar
o poder. Não há oposição sem escolher o “lado”. Mais do que ser de um partido,
é preciso “tomar partido”!
"…O cidadão, o viseense, deseja saber mais, participar mais e
avaliar por si se, de facto, as diferenças económicas e sociais estão
diminuindo ou se, pelo contrário, quem nos governa apenas se governa a si
próprio e aos seus!
Entretanto, sem uma oposição capaz de desmistificar tudo o que
seja mera justificação publicitária do poder e de chamar a atenção para os
valores fundamentais da sociedade democrática, só poderão ocorrer mudanças nas
piores condições, isto é, quando o desespero das pessoas se transformar em
coragem e acabar por incendiar este palheiro podre da partidocracia.
No mundo contemporâneo este caminho do escrutínio do poder começa finalmente
a despertar na sociedade, através dos blogues, twitters e redes sociais, enfim,
envolvendo um processo global.
E as oposições políticas, se nada tiverem a ver com as múltiplas
demandas do quotidiano, como arranjarão forças para ganhar a sociedade? Não
ganham, como é lógico, mas obrigam um coronel na reserva a ser activo na
oposição… para mal dos meus pecados… "
O segundo apresentador do nosso Livro é o Prof. Dr. António
Correia de Campos, ilustre viseense, meu particular amigo desde os tempos dos bancos
da escola e do liceu, figura pública mais que reconhecida e que nos tem entrado
frequentemente em casa, através da sua intervenção cívica, quer como ministro, deputado
ou como comentador politico em muitos e interessantes debates televisivos.
Reconhecer-lhe as suas grandes qualidades humanas, de cidadão
exemplar, profissional emérito, politico interventivo, não virando a cara na
luta pelos seus princípios e ideais, amigo do seu amigo e ainda por cima beirão
como eu, é para mim uma dupla satisfação e orgulho vê-lo aqui como apresentador
do nosso livro.
Não posso também de deixar de vos ler o email que então dirigiu a
mim e ao Mário Lino, a propósito da leitura que tinha acabado de fazer do livro
A FOTO:
"Meus caros Zé Gomes de Pina e Mário Lino,
Li o vosso livro integralmente, numa viagem a Chipre. Gostei
imenso e por várias razões:
A proximidade com os meus sonhos, anseios e
realizações, muito semelhantes aos vossos, naquelas idades, pelo menos, e creio
que também agora.
A nossa origem social muito próxima: filhos de professores do
ensino primário, de sargento e de pequeno comerciante, afinal a típica classe
média em ascensão, na época.
A variedade de experiências de vida e a franqueza quase ingénua
com que todos se desvendaram.
O sentido de fraternidade que perdura ainda nas vossas relações
actuais.
Tinha o livro em cima da minha mesa quando tive um encontro de
trabalho com uma técnica da nossa Representação Permanente que à saída me
confessou ser filha do Eng. Rui Martins,
também constante da foto, o que prolonga a rede para as gerações seguintes.
A qualidade literária da escrita, que atinge tons novelescos nos
depoimentos do Letria e do Narciso, mantendo todos um alto nível, mesmo quando
se preocuparam sobretudo com a descrição dos contextos.
Finalmente, a ideia de que a nossa juventude tinha causas e
valores.
Como vedes, muitos elementos justificam o mérito da vossa
iniciativa. Tenho pena de não conseguir inserir-me em uma semelhante.
Parabéns a todos e todas com natural permissão de circularem esta
mensagem a quem entenderem. E obrigado ao Zé Pina pelo livro e dedicatória.
Abraço amigo / António
Correia de Campos".
O António, filho varão do Professor David Campos (que felizmente já
ultrapassou o centenário, continuando rijo e a tratar ainda da sua quinta em Figueiró),
fez a sua instrução primária e grande parte do liceu em Viseu, tendo ido para
Moçambique, no início do nosso sexto ano do liceu (1957), acompanhando a
deslocação do seu agregado familiar (mas isso não impediu, quando comemorámos, em
2009, os 50 anos do nosso curso de finalistas do Liceu de Viseu (1952-1959), que
estivesse presente, com grande satisfação, como um dos nossos, como pode ser
testemunhado pelos muitos colegas aqui presentes).
Regressado à Metrópole, enquanto estudante universitário,
empenhou-se activamente no movimento associativo estudantil, tendo sido membro
da Direcção da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de
Lisboa, donde foi expulso em 1962, na sequencia da crise académica e do
processo da greve da fome. Transitou para a Faculdade de Direito da Universidade
de Coimbra, tendo chegado a ser eleito (em 1963) Presidente da Associação
Académica, cargo que no entanto não viria a ser oficialmente homologado pelas
autoridades académicas.
Licenciou-se em Direito, tendo feito uma especialização como
Administrador Hospitalar na Escola de Rennes, em França (1969), um mestrado em Saúde Pública na
Universidade de John Hopkins, nos EUA (1978) e o Doutoramento em Saúde Pública pela Universidade Nova de Lisboa (1982).
Em 1975 foi escolhido para integrar o V Governo Provisório,
desempenhando funções de Secretário de Estado do Abastecimento num período
muito curto e em 1979 como Secretário de Estado da Saúde do V Governo
Constitucional.
Aderiu em 1984 ao Partido Socialista, pelo qual foi eleito
deputado à Assembleia da República em 1991, tendo presidido à Comissão do Livro
Branco da Segurança Social entre 1997 e 1998.
Em 2001, foi nomeado Ministro da Saúde, por iniciativa do
primeiro-ministro António Guterres, abandonando então o cargo de Presidente do
Instituto Nacional de Administração, que ocupava desde Janeiro de 1997. Entre
2000 e 2001, foi Presidente do Conselho Científico do Instituto Europeu de
Administração Publica, em Maastricht, na Holanda.
Após a demissão do governo, em Abril de 2002, Correia de Campos
foi nomeado Presidente do Conselho Científico da Escola Nacional de Saúde
Publica, da Universidade Nova de Lisboa, onde já era professor catedrático,
tendo proferido a sua ultima lição em 13 de Abril de 2012.
De Março de 2005
a Janeiro de 2008 integrou o governo de José Sócrates, à
frente do Ministério da Saúde. Presentemente é deputado ao Parlamento Europeu (desde Junho de 2009).
Especialista em Saúde, nomeadamente na ligação desta área com a
Economia, Segurança Social e Administração Pública, é autor de vários livros e
dezenas de artigos publicados na imprensa nacional e estrangeira.
Meus Caros Amigos
Agora quanto ao nosso livro. Repetindo um pouco o que já foi dito nas
anteriores sessões, tudo começou por uma fotografia amarelecida pelo tempo que a Noémia, algures em
2010, encontrou no seu baú de recordações, foto tirada no Instituto Superior
Técnico, seguramente no ano de 1963, viu-se depois, durante um jogo de futebol
entre amigos, dezasseis rapazes e uma aguerrida claque de cinco bonitas jovens.
Sobre esta foto, há coisas que sabemos e outras que não sabemos,
ou de que já não nos conseguimos recordar.
Sabemos que dos vinte e um estudantes que estão nesta foto, doze rapazes eram do
Técnico (Albano Nunes, António Redol, Carlos Marum, João Resende, José Gameiro,
já falecido, José Gomes de Pina, João Santos Marques, Luís Bénard da Costa,
também já falecido, Mário Lino, Mário Neto, Raimundo
Narciso e Rui Martins),
um da Faculdade de Ciências (Ernâni Pinto Basto), um da Faculdade de Medicina
(Jaime Mendes) e dois do último ano dos liceus (Joaquim Letria e Fernando
Rosas).
Quanto às raparigas, uma era da Faculdade de Ciências (Paula
Mourão) e três do último ano dos liceus (Marília Morais, Noémia Simões, agora
de Ariztía e Teresa Tito de Morais). Desconhecíamos quem era a quinta rapariga,
precisamente a que, na foto,
está no meio das outras, a quem, por graça e pelo mistério, passámos a designar
por “Mata-Hari”. Mas desde o final do mês passado que uma pista dada por um amigo
pode conduzir a uma hipótese credível de ser também uma estudante liceal da
altura, colega das restantes. Como ainda não se acusou, lá teremos de a obrigar
a confessar…
E também ainda não sabemos quem tirou a foto, nem qual foi o resultado do jogo.
Voltando à Noémia e à foto, como já não se lembrava de algumas
caras ou desconhecia outras, digitalizou-a, enviando-a por email ao Jaime
Mendes, que, pelas mesmas razões, a reenviou ao Raimundo Narciso. Analisada
por ele, teve a ideia de procurar reunir, de novo, todos os que para ela
posaram, com o objectivo de fazerem um balanço das suas vidas e de gozarem a
alegria de se reencontrarem. Para isso distribuiu a foto, também por email, aos
que não tinha perdido o rasto, a maioria dos quais frequentara, nessa época, uma
tertúlia no café Pão de Açúcar, na Alameda Afonso Henriques, escrevendo:
“…a fotografia dos colegas de 1963 sugeriu-me a ideia de fazermos
um livro. Digam-me o que vos parece ideia tão insensata.” E propunha
ainda “um livro escrito a tantas mãos quantas os que, entre nós, se
atrevessem a tanto”, interrogando-se:
“Interessaria aos mais
novos, à geração dos nossos filhos e netos, conhecer, através de vivências e
percursos de vida tão díspares, uma ponta desse mundo tão próximo e tão
ignorado?”
Tratavam-se, de facto, de amigos ou colegas, activistas dos
movimentos associativos estudantis que desenvolviam uma luta muito determinada,
no plano cultural e político, contra a ditadura salazarista. Vários deles
exerciam ou vieram a exercer funções dirigentes nos respectivos órgãos
associativos. Com excepção de quatro ou cinco, todos eram, ilegal e
secretamente, militantes do Partido Comunista Português, alguns deles já com
responsabilidades organizativas.
A comunicação por email parece ter sido o sinal de partida. Ao fim
de algum tempo já tínhamos praticamente conseguido estabelecer comunicação
entre todos e os primeiros contactados aderiram à ideia com entusiasmo. Uns,
pela proposta do livro e outros, pela ideia do convívio que restabeleceria,
nalguns casos, pontes de anos ou de dezenas de anos entre vidas desencontradas,
onde a política, a luta contra o regime, a clandestinidade, as prisões, os
exílios e percursos por quatro continentes, a própria actividade profissional e
a luta pela vida, tinham fraccionado o grupo daqueles jovens em múltiplas
bolsas de amizades."
Estava lançado o desafio e em marcha, finalmente, o projecto do
livro!
O primeiro encontro deu-se, em Abril de 2010, na casa de campo do
Jaime e da Teresa, perto de Santarém. Compareceram doze ex-jovens, incluindo
maridos e mulheres, todos com a cabeça ainda fresca e levantada. Trouxeram
vinhos e sobremesas, conversaram, comeram e beberam, enchendo a casa de
alegria.
Alguns já não se viam há quase meio século, sabíamos uns dos
outros pelas notícias, poucos mantinham relações próximas. Mas parecia que o
tempo não tinha passado por nós. O sentimento reinante foi de uma imediata e grande
cumplicidade. Marcados por experiências diversas, permanecíamos unidos por
aquilo que nos tinha juntado antes, a luta por um país melhor, com liberdade e
democracia.
Ao longo de quase dois anos seguiram-se outros encontros, na
tentativa de planearmos o livro, escolher o título, o formato, o número de
páginas, os currículos e as fotos a incluir, etc., mobilizar vontades para a
escrita, marcar objectivos, datas e acompanhar a sua evolução.
Por razões várias, apenas oito acabaram por participar como
autores do livro A FOTO.
Nele revisitámos meio século das nossas vidas, encontros e
desencontros, amizades e alheamentos, trajectos que não se cruzaram, amores,
casamentos, compromissos, roturas, dúvidas, actividade politica e
profissional, vidas não coincidentes.
É, portanto, um livro de memórias, de uma geração em que muitos se
bateram pelos valores da liberdade, do progresso, da justiça social, e que
continuam unidos para que estes valores não se percam, antes se consolidem e
aprofundem.
Mas estamos convencidos que a ética e os valores que defendemos permanecem
actuais e universais, e que hoje, tal como ontem, as novas gerações também determinarão
o seu próprio caminho, encontrando a melhor forma de se organizar em sociedades
livres, justas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas.
Um Bem-Haja a todos.