A FOTO


2012-12-23

Boas Festas



Os autores de A FOTO desejam, mais ainda dado o contexto adverso, a todos os visitantes deste blog assim como às suas famílias um Bom Natal e um Ano Novo próspero e feliz.

2012-12-21

A Foto do BEIRÃO

Antecipando a apresentação de A FOTO em Viseu, Fernando Pereira de Figueiredo, coronel de Infantaria na reserva, autor do blog Viseu Senhora da Beira, beirão e viseense de gema, segundo concluo, colocou um simpático post no seu blog sobre o "nosso" livro que, estou certo, não escapará à atenção daquele comité que leva o nome do célebre inventor da dinamite e que não gostava de prémios, Alfred Nobel.
O nosso amigo Beirão, que não quero dizer aqui que é o Zé Gomes de Pina, porque já todos sabem, e um dos principais autores de A FOTO, foi quem me informou do post e do blog. Naturalmente fê-lo com aquela modéstia que lhe conhecemos quase pedindo desculpa de ser ele o autor eleito do artigo bloguista, na justa qualidade de viseense pela pena de viseense. 
Podia ficar apenas ali em cima o link para o blog Viseu Senhora da Beira mas fico mais confortável colocando o post aqui também. E de caminho felicito o Cor. Fernando Figueiredo pelo seu muito interessante  blog. Eis o post:
________________


 
Logo no primeiro comentário que recebi do leitor que se identificava como "Beirão" percebi que a sua ligação à cidade vivia da paixão que lhe dedicava sem perder a objectividade da visão critica da realidade. Corrigiu-me análises, ajudo-me a melhorar o grafismo, apontou-me caminhos e tem-me acompanhado ao longo destes anos sempre com a mesma cordialidade e ajustado comentário. Dava a entender que não esquecia as raízes e lembrava-se ainda do tempo em que "as viagens entre Viseu e Lisboa obrigavam a sucessivos transbordos em Santa Comba (linha do Dão) e Pampilhosa (linha da Beira Alta) durante mais de sete horas de viagem no meio de malas, cestos, pessoal em pé, as conversas informais, os farnéis, o nosso portuga em pleno, os amigos e conhecidos que se encontravam, a "autoridade" do revisor, enfim, um romance por viagem." O Eng José Gomes de Pina, o Beirão, encontrei-o há dias na minha caixa de correio graças à sua simpatia na forma de livro que li com prazer e onde descobri que é um ilustre viseense, com um curriculum invejável e com este legado memorável de um retrato do país dos anos 60 e 70 onde a sua juventude de então, irreverente, destemida e cheia de ideais lutou pela liberdade e progresso de Portugal. Espero voltar a encontrá-lo fisicamente em breve cá pelo burgo na apresentação do livro para que à volta de um café lhe possa entregar o abraço fraterno e dizer-lhe de viva voz a estima e consideração que nestes anos me merece como leitor assíduo do VSB.

2012-12-02

A intervenção de Mário Lino no Porto

José Gomes de Pina, Noémia de Ariztia, Paula Correia, Raimundo Narciso,Teresa Tito de Morais, António Baptita Lopes, Augusto Santos Silva, Mário Lino e José Ilídio Ribeiro

Caros amigos

Em nome dos oito aurores do livro “A FOTO e o Reencontro Meio Século Depois”, cabe-me dizer algumas palavras nesta sessão de apresentação no Porto, tal como o Raimundo Narciso e a Teresa Tito de Morais já o fizeram nas sessões realizadas, respectivamente, em Lisboa, no dia 11 de Junho, e em Coimbra no dia 19 de Novembro. 
Gostaria de começar por saudar todos os presentes que aceitaram o nosso convite para participar nesta sessão, dizendo-lhes que muito nos sensibiliza o facto de partilharem connosco a alegria e a satisfação que temos na apresentação e divulgação do nosso livro. 
Gostaria, também, de agradecer à Câmara Municipal do Porto, a disponibilidade e apoio manifestados com a cedência destas instalações para a realização desta sessão de apresentação. 
Gostaria, ainda, de agradecer à Editora Âncora e ao Dr. António Baptista Lopes o entusiasmo e empenho com que sempre nos apoiaram na concretização deste projecto. 
Uma palavra de particular destaque e apreço é devida ao Prof. Dr. Augusto Santos Silva e ao Dr. José Ilídio Ribeiro que irão apresentar o nosso livro.
O José Ilídio Ribeiro foi estudante universitário da Faculdade de Medicina do Porto, quando nós éramos também estudantes universitários ou dos últimos anos do Liceu em Lisboa, tendo terminado o seu curso em 1967. Como nós, também se envolveu nas lutas estudantis dos anos sessenta. Em 1969 foi incorporado como médico militar, tendo sido mobilizado pera a guerra colonial em Angola, em Outubro desse ano, donde regressou em Outubro de 1971. Em 1973 e 1974 fez parte da Direcção Regional Norte da Ordem dos Médicos. Depois de concluir o internato em 1975, ingressou no Hospital Eduardo Santos Silva, agora Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, onde exerceu sempre funções.
Em resultado da sua reconhecida competência e dedicação profissional, exerceu diversas responsabilidades hospitalares, tendo, em 1996, sido eleito pelo Corpo Clínico daquele Centro Hospitalar para seu Director Clínico, cargo que manteve até se reformar em 2002. 
Contrariamente a alguns dos autores do livro que apenas deram uns toques na bola quando eram estudantes (provavelmente mais para se armarem em desportistas à frente das namoradas), o José Ilídio Ribeiro foi um desportista com provas dadas e créditos firmados, tendo defendido a equipa dos médicos nas modalidades de andebol, basquetebol e futebol, e sido atleta federado de andebol, Presidente da Associação de Andebol do Porto e dirigente do Futebol Clube da Maia.   

O Augusto Santos Silva é de uma geração posterior: começou a frequentar a Faculdade de Letras do Porto em 1973, tendo-se licenciado em História em 1978, e depois, em 1992, doutorado em Sociologia da Cultura e da Educação pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.  
Enquanto estudante universitário, empenhou-se activamente no movimento associativo estudantil, tendo sido membro da Direcção da Associação dos Estudantes da Faculdade de Letras do Porto em 1977, portanto já depois da Revolução de Abril. 
É docente da Faculdade de Economia do Porto desde 1981, actualmente com a categoria de Professor Catedrático. Em 1998/1999, foi Pró-Reitor da Universidade do Porto e Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Economia do Porto. A par da sua actividade enquanto docente, tem desenvolvido outras relevantes actividades de intervenção cívica, designadamente nos domínios da política, da educação e da cultura, e enquanto colunista e cronista de comunicação social. 
No que se refere, em particular, à sua actividade política, integrou diversos órgãos do Partido Socialista, tanto a nível do distrito do Porto como a nível nacional; foi eleito, por diversas vezes, deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral do Porto; e exerceu funções governativas em três Governos Constitucionais, designadamente como Secretário de Estado da Administração Educativa, Ministro da Educação, Ministro da Cultura, Ministro dos Assuntos Parlamentares e Ministro da Defesa. 
Conheci pessoalmente e convivi muito intensamente com o Augusto Santos Silva quando ele era Ministro dos Assuntos Parlamentares, durante os 4 anos e meio que integrámos o XVII Governo Constitucional, entre 2005 e 2009, tendo beneficiado muito da sua experiência política, governativa e parlamentar, guardando desse convívio recordações muito gratas.
Quero deixar uma saudação muito amiga ao José Ilídio Ribeiro e ao Augusto Santos Silva que muito nos honraram com a sua disponibilidade para fazer a apresentação do nosso livro nesta sessão, e aos quais queremos, pública e muito reconhecidamente, agradecer. 

Meus caros amigos
 
Em Março de 1963, um grupo de 21 estudantes pousou para a foto que está reproduzida na capa do livro, tirada no campo de futebol da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico, em Lisboa.
Sobre esta foto, há coisas que sabemos e coisas que não sabemos, ou de que já não nos recordamos.
Sabemos que são 21 estudantes que estão nesta foto, 16 rapazes e 5 raparigas. 12 dos rapazes  eram do Técnico (Albano Nunes, António Redol, Carlos Marum, João Resende, José Gameiro, já falecido, José Gomes de Pina, João Santos Marques, Luís Bénard da Costa, também já falecido, Mário Lino, Mário Neto, Raimundo Narciso e  Rui Martins), 1 da Faculdade de Ciências de Lisboa (Ernâni Pinto Basto), 1 da Faculdade de Medicina de Lisboa (Jaime Mendes) e 2 do último ano dos liceus (Joaquim Letria e Fernando Rosas).
Quanto às raparigas, 1 era da Faculdade de Ciências de Lisboa (Paula Mourão) e 3 do último ano dos liceus (Marília Morais, Noémia Simões, agora de Ariztía e Teresa Tito de Morais). Desconhecemos quem é a quinta rapariga, precisamente a que, na foto, está no meio das 5.
Também não sabemos quem tirou a foto.
10 dos rapazes estavam equipados para o jogo de futebol que se seguiu à foto. Um dos rapazes, o João Santos Marques que está de apito na mão, fez de árbitro. Os outros 5 rapazes e as 5 raparigas constituíam a claque, mas desconhecemos qual foi o resultado do jogo.
Também sabemos porque estavam juntos: eram amigos, activistas dos movimentos associativos estudantis que desenvolviam uma luta muito determinada, no plano cultural e político, contra a ditadura salazarista. Vários deles exerciam ou vieram a exercer funções dirigentes nos respectivos órgãos associativos. Com excepção de quatro ou cinco, todos eram, ilegal e secretamente, militantes do Partido Comunista Português, alguns deles já com responsabilidades organizativas.
Nos anos que se seguiram a este encontro de futebol, os estudantes de todo o País sofreram sucessivas e violentas vagas repressivas. Do grupo da foto, em momentos diferentes:
·        Foram expulsos da universidade, Ernâni Pinto Bastos (15 dias da Faculdade de Ciências de Lisboa) e Mário Lino (2 anos de todas as universidades do País).
·        Foram presos pela PIDE, Carlos Marum, Fernando Rosas, João Resende, João Santos Marques, Mário Lino, Mário Neto e Teresa Tito de Morais.
·         Sofreram o exílio, Jaime Mendes, Carlos Marum e Noémia de Ariztía.
·        Passaram a viver na clandestinidade em Portugal, para combater a ditadura, Albano Nunes, João Resende, João Santos Marques e Raimundo Narciso.

Decorridos quase 50 anos, quando, um dia, no início de Janeiro de 2010, a Noémia de Ariztía estava a fazer arrumações em sua casa, deparou-se com uma velha caixa de lápis de cor que continha, entre outras relíquias, aquela foto tirada em Março de 1963. A descoberta trouxe-lhe à memória acontecimentos há muito passados e uma grande vontade de saber o que tinha entretanto acontecido aqueles amigos. Digitalizou a foto e enviou-a por mail ao Jaime Mendes, com quem mantinha contacto, para ver o que é que ele sabia. O Jaime, por seu turno, reenviou a foto ao Raimundo Narciso que teve a ideia de procurar reunir, de novo, todos os que para ela posaram, com o objectivo de fazerem um balanço das suas vidas e de gozarem a alegria de se reencontrarem. Para isso distribuiu a foto, por mail, aos que não tinha perdido o rasto, escrevendo:

            «[…] A fotografia dos colegas de 1963 sugeriu-me a ideia de fazermos um livro. Vai tudo explicado no ficheiro anexo. Digam-me o que vos parece ideia tão insensata».

O anexo do e-mail era um texto longo a rebuscar mil e uma razões que tornasse aliciante a proposta ou, pelo menos, que evitasse que a considerássemos uma proposta tola. O Raimundo Narciso propunha «um livro escrito a tantas mãos quantos os que, entre nós, se atrevessem a tanto», e interrogava-se: «Interessaria aos mais novos, à geração dos nossos filhos e netos, conhecer, através de vivências e percursos de vida tão díspares, uma ponta desse mundo tão próximo e tão ignorado?». 
Os primeiros contactados aderiram à ideia com entusiasmo. Uns, pela proposta do livro e outros, pela ideia do convívio que restabeleceria, nalguns casos, pontes de anos ou de dezenas de anos entre vidas desencontradas.
A mensagem electrónica foi, pois, o sinal. Muitas outras refizeram os contactos e as amizades perdidas em quase meio século de viagem, em que alguns ficaram pelo caminho. A política, a luta contra o regime fascista, as prisões, a clandestinidade, os exílios, percursos por quatro continentes, a actividade profissional, a luta pela vida, encontros e desen­contros, fraccionaram o grupo daqueles jovens em múltiplas bolsas de amizades.
Ao fim de algum tempo já tínhamos estabelecido contacto entre todos. Seguiram-se, ao longo de quase dois anos, diversos almoços de convívio em casa de vários dos participantes na foto, para planearmos o livro e acompanharmos a evolução da sua escrita.
Por razões várias, apenas oito dos estudantes presentes na foto aca­baram por concretizar este projecto. 
O livro foi editado em Junho de 2012. A sessão de lançamento realizou-se no Salão Nobre da Reitoria da Universidade de Lisboa, contando com as intervenções do Dr. Jorge Sampaio que apresentou o livro, e do Reitor, Prof. Dr. Sampaio da Nóvoa.  

Neste livro, "revisitámos meio século das nossas vidas, encontros e desencontros, amizades e alheamentos, trajectos que não se cruzaram, amores, casamentos, compromissos, roturas, dú­vidas, vidas não coincidentes." É, portanto, um livro de memórias de uma geração em que muitos se bateram pelos valores da liberdade, do progresso, da justiça social, e que continuam unidos para que estes valores não se percam, mas antes se consolidem e aprofundem. 

Estamos num tempo em que muitas das conquistas sociais, tardiamente conquistadas em Portugal após o 25 de Abril de 1974, e na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial, estão a ser fortemente atacadas pela especulação dos mercados financeiros internacionais, e em que estamos confrontados com a tibieza e inadequação das respostas que a UE vai, penosamente, engendrando, e com a austeridade ideológica e letal com que o Governo vai sufocando o País.
Por outro lado, enfrentamos hoje, em Portugal, na Europa e no Mundo, novas lutas e desafios, e novas bandeiras se levantam.
Mas estamos firmemente convictos que a ética e os valores que defendemos se mantêm actuais e universais, e que hoje, tal como ontem, as novas gerações farão o seu caminho e encontrarão a melhor forma de se organizarem em sociedades mais livres, democráticas, sustentavelmente desenvolvidas e justas.

E mais não digo, convidando-vos apenas a ler o nosso livro.

Ata da apresentação do livro no Porto

Os autores de "A FOTO" chegaram ao Porto, na 6ªf, 30 de Novembro, ainda de manhã para uma breve visita à Cidade Invicta e um almoço que nos conciliasse com a árdua tarefa da apresentação do livro que fora entregue a dois ilustres intelectuais, figuras públicas da ciência e da política.
A sala não tinha uma multidão como em Lisboa mas não envergonhava. Na assistência além de dois ou três amigos só reconheci a ex-ministra Isabel Pires de Lima.
O Editor, António Baptista Lopes, falou, com o seu fino sentido profissional, da reconhecida excelência da edição e não menor excelência dos autores. Com tão apurado tato que a assistência aguçou o olhar, meio incrédula, para as reluzentes lombadas dos livros, estrategicamente expostos pela sua eficaz colaboradora Inês Figueiras.
Seguiu-se-lhe no uso da palavra Mário Lino, autor em nome dos autores, que apresentou os apresentadores e levou em seguida, com apurada eficácia, como é seu timbre, a assistência a percorrer as recônditas e mais apetecidas veredas do jardim das delícias que são os diferentes capítulos da obra.
Falou então o apresentador José Ilídio Ribeiro distintíssimo médico, na qualidade de antigo estudante da geração dos autores e como eles um partícipe das lutas estudantis contra a ditadura, não poupou palavras e razões que evidenciaram, como é próprio nestas circunstâncias, quão marcante ficará para a História a obra que tinha a responsabilidade de dar a conhecer à atenta plateia.
Last but not least tomou a palavra Augusto Santos Silva, professor catedrático e figura incontornável de parlamentar e governante em várias pastas dos últimos governos socialistas, que pelos seus dotes oratórios e assertiva capacidade crítica deixou prostrada uma multidão de opositores pelos campos de batalha política em que terçou armas.  Fez um levantamento da gesta do movimentos estudantis dos anos 60 do século XX e das lutas políticas contra a ditadura que foi o terreno fértil em que desabrocharam as aventuras relatadas no livro.
A escolha dos apresentadores foi a todos os títulos acertada porque as suas justíssimas apreciações deixaram impante o ego dos autores que, para assinalar o evento, decidiram-se pela excelente gastronomia local num aprazível restaurante nem muito caro nem muito barato decididos a gastar o dinheiro antes que o governo o saque com cortes, taxas e sobretaxas a que chama eufemisticamente “cortes na despesa do Estado”.